Solstício de Inverno: seu simbolismo na Maçonaria

Neste ano, o Solstício de Inverno ocorreu em 20 de junho. Foi o instante em que o Sol pareceu deter-se no Trópico de Câncer, entregando-nos a noite mais longa e um convite claro: parar, olhar para dentro e ajustar o compasso.

Para a Maçonaria, cada Solstício é uma dobradiça do Tempo. No de Inverno, a faixa de luz encolhe, mas o silêncio se amplia — perfeito para o Maçom examinar a própria Pedra Bruta sem as distrações do verão. Não se trata de cultuar a escuridão, e sim de reconhecer que a luz genuína nasce no interior. Por isso, o Solstício é chamado de “Porta dos Homens”. Atravessá-la exige coragem para encarar falhas, alinhar coluna moral e refazer juramentos diante do Grande Arquiteto do Universo.

Três movimentos sintetizam esse marco:

Recolher — Suspender ruídos externos, reduzir o ritmo das paixões e abrir espaço ao estudo. A tocha do conhecimento ilumina melhor em salas escuras.

Refletir — Questionar prioridades, revisar obrigações e medir consequências. O malhete interno precisa bater apenas uma vez por ideia, mas com firmeza.

Renovar — Aceitar que, logo após o ponto mais baixo, a luz retorna minuto a minuto. Essa progressão lembra que todo trabalho tem ciclos: análise, projeto, execução.

Do ponto de vista simbólico, o Sol inicia sua ascensão justamente quando parece ter perdido força. A lição é direta: a esperança não nasce do calor externo, e sim da disposição de reacender a chama interna. Em termos práticos, é a hora de planejar as próximas iniciativas da Loja, fortalecer a cadeia de união e preparar ações que concretizem nossos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.

Se o Solstício de Verão celebra a expansão, o de Inverno exige síntese. Menos discursos, mais essência. Menos fachada, mais fundamento. Que cada Irmão use esta estação para afiar o cinzel do caráter, polir a pedra da tolerância e sair do frio espiritual carregando brasas suficientes para aquecer o próximo ciclo de trabalhos.

Refletir, pois, é construir. O inverno aponta o Norte; cabe-nos seguir a trilha de retorno da luz, prontos para servir com consciência renovada.

Texto adaptado: Paulo Júnio de Lima